
O show não pode parar
Por Sílvia Germano
O assunto já está esfriando na mídia - méritos para a “operação - abafa” de uma das maiores redes de TV do nosso país – mas, eu não poderia deixar de fazer algumas colocações sobre essa nova novela que alavancou pontos de audiência para a imprensa.
Sai “Caso Isabella”, entra “Caso Ronaldo”. Nosso país é mestre em criar folhetins com a vida, e infortúnio, das pessoas. Casos, novelas, o show da vida – não é o Fantástico, minha gente – é mais uma espetacularização de um episódio do cotidiano, particular, de uma pessoa comum. A diferença é a seguinte: a “tal” pessoa é um mito, um herói midiático, o próprio nome já diz: Ronaldo Fenômeno.
Como pode um acontecimento, no mínimo banal, causar tanta repercussão? O fato é que, Ronaldo sempre foi visto como um herói, uma celebridade “do bem”, o embaixador da Unicef, tudo isso ajudou a construir uma boa imagem para o jogador. E o que acontece quando “personagens” como ele não condiz com a imagem projetada? O show, o escândalo. O que deve ser lembrado, sempre, é que os “heróis” são constituídos de carne e osso, como qualquer mortal, cheio de deslizes e pecados.
Apesar da fama, prestígio e dinheiro, Ronaldo continua sendo o garoto do subúrbio carioca que se destacou graças a um talento que tinha, leia-se, não tem mais. Ele se destacou e entrou de cabeça, literalmente, no mundo das celebridades, como bem diz o jornalista Muniz Sodré, “a sociabilização pela sedução ilimitada pode ter efeitos devastadores sobre almas simples elevadas ao panteão da fama”.
Se Ronaldo agiu certo ou não? Não me cabe julgar. A questão abordada é o espetáculo criado para um caso grotesco. E se ele estivesse no motel com uma ou mais mulheres? O efeito seria outro, com toda a certeza as manchetes dos jornais seriam “O Fenômeno continua na ativa, batendo um bolão fora dos campos”, não é mesmo?! Mas em um país onde ser homossexual e, relacionar-se com esses, não é ser normal as manchetes apontam para uma vergonha nacional, um fenômeno “misturado” às anormalidades.
Enquanto não surgem novas novelas, novos capítulos, o público continua saboreando os acontecimentos desastrosos, ou não, da vida alheia. Até que venham novos fenômenos e novos espetáculos. Afinal, o show não pode parar.
Um comentário:
E viva aos casos que assolam a vida publica. Como um sábio uma vez falou: "tpa na chuva é pra se molhar", a grosso modo, é o preço pela fama. Uma vez na midia, e por sorte passar dos 15 minutos de fama, já era, lance é fazer as coisas na moita....
ainda bem que eu sou anonima - ainda!
hahahahaha
beijos
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